Segundo os livros Clássicos Ayurvédicos, a natureza nos oferece seu potencial energético maravilhoso e um dos princípios ayurvédicos nos mostra que os horários do dia tem suas ligações com os Doshas.
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Yamas e Niyamas
07 DE JULHO DE 20201 ISABEL NORÕES
Segundo o Vishnu Purana,( textos sagrados hindus):
“Do estudo deve-se passar ao Yoga. Do Yoga deve-se passar ao estudo. Pela perfeição do estudo e do Yoga a consciência suprema se manifesta. O estudo é um olho o qual o ser supremo se percebe”. Tudo isso nos leva a nossa libertação.”
Na Filosofia yóguica, o eu imutável e eterno é a nossa ligação com o universo. No estudo, o yoga desenvolve um papel fundamental de nos fazer voltar para dentro de nós, e aos poucos vamos descobrindo o nosso ser. Isso se dá de diversas formas:
- Através da atenção a nossa respiração, aos nossos pensamentos;
- Quando fazemos os asanas (posturas biopsicofísicas);
- Quando nos ajustamos no tapetinho e fazemos um mergulho dentro de nós mesmos;
- Quando descobrimos as nossa condição de aprendiz;
- Quando vamos nos adentrando no yoga filosófico também;
- Quando conhecemos os Yamas e Niyamas que são as condutas de auto-restrição.
Elas são bases morais de um praticante yogui que com o passar do tempo vai ampliando a compreensão e lapidando a consciência do ser universal e assim firma o caminho e se descobre.
O objetivo do yoga é a iluminação, para isso precisamos nos libertar das ilusões e limitações da vida. Segundo Pantanjali, sábio que viveu entre 400 e 200 a.C. e que sistematizou o caminho do Yogui nos Yogas Sutras nos fazendo entender a maneira de ser feliz, entendendo o verdadeiro Yoga. Hoje seus ensinamentos fazem parte de uma escola clássica do Yoga chamada Raja-Yoga cujo lema é: “Chitta-vrtti-nirodha”, ou seja acalmar as flutuações da mente.
Os Yamas e Nyama fazem parte deste tradicional caminho, são condutas além do que podemos imaginar. E para o Yogui que quer realmente viver esse caminho transcendental necessita ter autocontrole e percorrer a trilha pois ninguém pode fazer por nós. Precisa ser perseverante pois muitas barreiras são encontradas.
“O mestre sempre mostra a direção e segundo os Yoguis, cada vez que você volta à trilha, fica mais fácil, mas o trecho novo sempre será um desafio.”
Marcos Rojo (Revista Prana Yoga journal de julho 2010)
O caminhante do yoga que deseje realmente empreender-se nesta divina aventura, deveria se perguntar:
- Sou uma pessoa apegada às paixões?
- Estou livre para empreender essa jornada?
A resposta deverá ser clara e não a deixará em dúvidas.
Então deverá abandonar aos poucos não apenas a indulgência física mas também pensamentos e emoções relacionados com os prazeres de forma geral como os prazeres do sexo, o uso de perfumes, a tolerância aos prazeres do paladar, o uso de casacos de pele são tãos comuns que nenhum desconforto é sentido em seu uso mesmo que impliquem sofrimentos às criaturas vivas.
Espero que entendam que para o futuro yogui superar esses prazeres que aparentemente na sociedade são norma da vida, no Yogui, esses prazeres aparentemente inocentes são prejudiciais, não que haja algo de pecaminoso neles, mas por sua potencialidade de infringir perturbações mentais e emocionais.
Vamos começar nosso entendimento pela autodisciplina | Yamas
1. Ahimsa: não violência
Abrangente para com todos os seres, incluindo a não violência em gestos, pensamentos e sentimentos, assim não devemos reivindicar nenhum tipo de ataque seja físico, verbal ou até mesmo ataques em gestos.
Baseada nas leis superiores da natureza, permite assim com uso na vida diária, nos conciliarmos com a justa maneira de viver e trazer através de nossos relacionamentos a compreensão imediata da paz e felicidade almejada, assim se transformará numa vida vibrante, positiva em amor em relação a todos os seres vivos.
2. Satya: verdade
Satya é a segunda qualidade moral que significa veracidade, mas ela nos trás o entendimento de que transcende somente a falar a verdade.
Devemos também evitar exageros, fingimentos, equívocos e outras faltas semelhantes. Muitas vezes repetimos um hábito por muitos anos sabendo que ele não é o que deveríamos fazer pois encobre a verdade. Ter essa percepção é fundamental para nós eliminarmos e vivermos o caminho sem complicações desnecessárias, trazendo perturbações na mente, por isso a importância de estarmos sempre atentos ao momento presente para na hora em que estivermos necessitando o falar o pensar e agir verdadeiramente não nos faça agir pelo ímpeto.
Através do uso da veracidade é que as formas mais sutis de veracidade começam a ser percebidas. Quando ainda não praticamos a veracidade nas formas de palavra, ação e pensamento, podemos ser mais facilmente iludidos pelas sombras. Por isso é dito que o yogui deve vestir a armadura da veracidade e nenhuma ilusão pode penetrar nele.
3. Asteya: abstenção do roubo
Asteya significa abstenção do roubo, ou qualquer tipo de apropriação indevida do que não lhe pertence. Não apenas dinheiro, bens, mais também as coisas intangíveis como créditos pelas coisas que não fez.
Muitas vezes, formas indiretas e sutís são consideradas normais e requer de um yogui a consciência bem afinada para gradualmente eliminar as tendências indesejáveis e torna-se pura como uma obra de arte e cada vez mais na aplicação dos problemas morais na vida diária.
4. Brahmacarya: continência
Esta restrição é a única que dentre todas em que os caminhantes se esquivam a não cumprir em suas vidas, pois temem em ter que desistir dos prazeres do sexo.
Muitos escritores ocidentais tem tentado minimizar o problema colocando-o em moderação e atividade regulada no âmbito matrimonial, mas os yoguis orientais mais familiarizados com as tradições não cometem tais equívocos pois sabem que não tem como associar a auto indulgência e a perda da força vital inerentes aos prazeres da vida sexual e ele precisa escolher entre as duas. Não se espera a total renúncia de uma hora para outra, mas quando o caminhante deseja ardentemente seguir o caminho do yoga superior deve procurar praticá-lo de forma séria.
5. Aparigraha: não cobiçar
O sentimento de posse por uma pessoa ou por uma coisa pode levar ao sofrimento, pois geralmente condicionamos a felicidade a esse desejo. É ignorância acreditar em que somos possuidores de bens materiais: o que temos é o uso temporário das coisas. Por exemplo, guardar uma roupa para não estragar e sentir ciúme doentio é o posto de Aparighara.
Nyiama, o autocontrole
Quando o Yogui pensa em autodisciplina pensa em ações mentais saudáveis. Por isso, o bom praticante de yoga se conhece não pelos seus asanas perfeitos, mas pelas suas atitudes. Os Niyamas classificam-se em cinco:
1. Saucha: pureza
Relaciona-se com o plano físico, emocional e mental. É comer alimentos saúdáveis, manter o corpo limpo, praticar asanas e pranayamas e ter a mente livre sem flutuações mentais com pensamentos perturbadores (ódio, cobiça e orgulho). Todas as toxinas emocionais causam perturbações na mente.
2. Santosha : contentamento
Este Nyama nos diz que a felicidade está além de qualquer coisas que aconteça com a pessoa ou com outra pessoa. Ou seja o contentamento não pode depender de promoção no trabalho ou por provas de carinho e amor por parte do companheiro, sabemos que isso ajuda ,mais o estado de paz interior e alegria na vida é de sua responsabilidade e a manutenção só depende de cada um de nós.
3. Tapas : austeridade
É a força de vontade para alcançar um objetivo, mesmo diante das dificuldades. Esse objetivo pode ser coisas simples, por exemplo, lavar os pratos após o almoço evitando desorganização e mal estar.
Segundo Patanjali é isso que leva a alma a se libertar. É o não desistir diante de uma postura mais complicada ou que exija uma maior concentração. Isso é a auto- realização, transcender seus limites naturais e se auto- realizar.
4. Svadhyaya : estudo de si
Este estudo é feito através da literatura sagrada, levando o yogui a ampliar o entendimento do Yoga e de si mesmo. É um precioso estudo que amplia a capacidade de autoconhecimento e muda a maneira de encarar a vida.
5. Ishvara: auto-rendição
Refere-se à postura de se entregar ao ser divino, reconhecer segundo a tradição que estamos vivendo segundo a uma ordem superior em que nossa essência divina está ligada. Segundo os yoguis precisaremos passar pela limpeza do corpo por Tapas (austeridade) pelo conhecimento profundo de svadhyaya, eliminando assim o orgulho e desenvolvendo a humildade, consegue assim seguir o caminho da devoção.
Segundo os grandes “yoguis” o caminho é estreito e não há outro.
Namastê!
Imagem: Conscious Design e Hans Vivek | Unsplash
Isabel Norões | terapeuta ayurvédica
Namastê! Comecei os meus estudos sobre o Ayurveda em 2011, o que transformou a minha vida. Criei a Morada Ayurveda para levar para mais pessoas os conhecimentos e benefícios do ayurveda.
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